FOI O BOTO!

O personagem mais popular da rica mitologia amazônica é o Boto, um cetáceo de água doce que no imaginário coletivo vira homem. Dizem que na forma humana, é um belo rapaz, alto, forte e tez morena. Com o seu olhar hipnótico seduz as mulheres dos beiradões. Dizem ainda, que muitas vezes seduz também os homens. Assim, donzelas são desvirginadas por esse estranho ser erótico dos rios, muitas vezes acabam grávidas. À noite, nos arraiais das comunidades ribeirinhas, o Boto aparece para as suas conquistas. Nesse momento se veste elegantemente de branco, usa um chapéu de palha que serve para esconder o buraco que tem no alto da cabeça, por onde na forma aquática esguicha água. Gosta de festa e dança por toda à noite. Porém, desaparece antes do clarear do dia, deixando “caboclinha” envolvida pelos seus encantos. A partir daquele momento a jovem fica encantada e passa a esperá-lo na beira do rio. Às vezes, ele volta para levar a sua conquista para o fundo das águas.
Existe uma versão que talvez explique a origem dessa lenda. Era uma vez... uma garota namoradeira que engravidou de um rapaz da Comunidade. Para não ser condenada por aparecer com um filho fora do casamento e principalmente para se livrar do questionamento do pai sobre a paternidade desconhecida, ela sonsamente caluniou o pobre cetáceo dizendo: – “Foi o Boto!”. 
A partir daí o Boto ganhou a fama pela paternidade desconhecida na Amazônia. Essa “estória” se tornou muito forte no imaginário do habitante da região, a ponto de qualquer pessoa que navegue nos rios amazônicos e se depare com um Boto dando saltos e mergulhos nas águas, mesmo sabendo que esse cetáceo não vira homem, de imediato, de forma mágica, passa a imaginar essa possibilidade.
Enfim, a lenda continua seduzindo homens e mulheres.

By Roberto Rogger
Diretor, roteirista e membro do Conselho Municipal de  Política Cultural de Manaus

COMUNIDADE DO CANARANA - MAUÉS


No amazonas, uma quantidade imensa de vestígios arqueológicos como grandes urnas e potes cerâmicos são encontrados. 
Em vários municípios o fenômeno do afloramento de peças indígenas, ponta de lanças e flechas em ossos é uma constante. Exigindo do poder local, um olhar diferenciado e uma forma de gestão sensível de preservação ao mesmo tempo em que a população ribeirinha que normalmente encontram as peças e por muitas vezes literalmente “andam e pisam em cima delas”, exigem do poder publico algum tipo de retorno e qualificação na lida com as peças arqueológicas. 
Os ribeirinhos, ao contrario do que se pensa, sabem do valor cultural e cientifico dos achados. 


Numa visita num sitio arqueológico na região do município de maués denominado Canarana, há 25 minutos num bote movido a motor de 40 hps constatamos esta premissa.
Os moradores e lideres nos disseram reconhecer e entendem que a valorização deste patrimônio deve retorna a comunidade em forma de “renda extra” (como eles mesmo alcunham) com o turismo ecológico que vai desde o café da manha, com pernoite na comunidade com focagem de jacaré, observação e fotografia de pássaros, pesca e pequenos espetáculos musicais com desempenho de grupos culturais da própria comunidade e convidados. Segundo o sociólogo Carlos Garcia esta demanda existe e uma parte destes serviços é fácil de operacionalizar, diz ele, e o Sitio Arqueológico da Comunidade do Canarana pode se tornar parada obrigatória de pessoas interessadas em fazer um turismo que cresce muito no planeta que se chama o turismo de aventuras e esportes radicais em floresta. O sociólogo Carlos Garcia é um aficionado do tema e motivador da comunidade para que consigam construir um espaço onde as peças possam estar dispostas de forma adequada; serem vistas e apreciadas por todos que por lá aparecem em busca de informação, seja elas,pesquisadores ou aventureiros radicais.

Carlos Garcia – Sociólogo