O CANTO DA MATA


 A Biomusica é uma modalidade experimental de som e ruídos, ela pode ser ouvida em vários lugares. Nova Zelândia. África, Brasil, etc. 
Aqui no estado do Amazonas temos o grupo INBAÚBA fazendo estas incursões. Maués teve proposta semelhante e bem interessante do ponto de vista artística e experimental, e que foram executados e testados em eventos recentes como aconteceu na lenda do guaraná de 2006 e 2009. Versão Cerçeporangá.
A utilização de objetos de madeira entre outros objetos retirados da natureza que cercam o município como cuias, sementes, cascas de pau e sementes das mais diversas espécies, quando manipuladas, reproduzem sons e timbres. A Biomusica busca um efeito sonoro característico ao emitir  ruídos orgânicos, que são bem aceitos como versões “poéticas” e “espaciais” do som da própria natureza nestas obras e espetáculos.
As pessoas que dela se ocupam tentam dar uma “voz” a fala da mata, e que para o artista esta voz esta somente nos seus ruídos e nas pessoas que a ouvem e a percebem nos eventos onde ela aparece e pela própria experiência humana em ouvir sons ruídos da floresta as pessoas aceitam como efeito artístico, ou mesmo um “acento musical” de uma obra que esta sendo executada naquele momento.
Geralmente a Biomusica procura conceitos mitológicos de origem de criação, de lendas e mitos dos povos mais tradicionais para retirar a sua poesia enquanto proposta musical.
O filme TERRA DOS MENINOS PELADOS apresenta a Biomusica mauesense o olhar de seus artistas locais, que apesar sua formação enquanto conceito ainda está num estágio embrionário, mesmo assim resolveu apostar nesta modalidade musical e realizou a experiência artística de envolver o som de folhas secas das matas amazônicas, solo de banbús, acompanhados de uma batida eletrônica leve junto com o som grave e cheio do gambá que fazem a base das trilhas do filme. Nesta versão contamos com o som do xexeque, o caracaxá e até mesmo o inhambé usado nas aldeias dos çateres de Maués pela ocasião do ritual da Tucandeira que ganham novos significados artísticos  como incidentais para o filme junto com a filarmônica – orquestra de câmara do Amazonas - OCA o resultado muito satisfatório,  sendo apresentado pela primeira vez em filmes no Amazonas.
By Carlos Garcia – Sociólogo

A ARTE DE CONSTRUIR DO POVO ÇATERÉ MAWÉ


OS ÇATERÉS UTILIZAM CINCO COMBINAÇÕES DE TEÇUMES. CINCO FORMAS GEOMÉTRICAS

UMA DAS CARACTERISTICAS MARCANTES DO POVO INDÍGENA ÇATERÉ MAWÉ É O SEU ARTESANATO. AO CONTRÁRIO DO QUE GERALMENTE SE PENSA O ARTESANATO INDÍGENA ÇATERÉ MAWÉ TEM UTILIDADE PRÁTICA NO DIA A DIA DA ALDEIA. NO ENTANTO, POR SUA BELEZA ESTÉTICA E FORMAS DE GRAFISMOS UTILIZADOS NO TEÇUME E NOS OBJETOS CONSTITUEM UMA FONTE DE RENDA ALTERNATIVA E DE SOBREVIVÊNCIA DOS ÍNDIOS MAWÉS. NOS DIAS DE HOJE, A EDUCAÇÃO INDÍGENA ÇATERÊ MAWÉ NAS ESCOLAS DE ALDEIA E OS PAIS SE PREOCUPAM EM REPASSAR AO JOVEM ÇATERÉ DEVIDO AO SEU ALTO GRAU DE COMERCIALIZAÇÃO BEM COMO SE ENSINA OS TIPOS DE MATERIAL UTILIZADOS E EXTRAÍDOS DA NATUREZA PARA A CONFECÇÃO DELAS. ESTA NECESSIDADE DA VENDA E COMERCIALIZAÇÃO DO ARTESANATO AJUDA NA PRESERVAÇÃO DA IDENTIDADE DO POVO ÇATERÉ MAWÉ.  


O PANANE É CONHECIDO COMO PENEIRA ENTRE OS BRANCOS – É FEITA DE UM VEGETAL (FIBRAS DE ARUMÃ) ENCONTRADO NAS MATAS DE TERRA FIRME. AS TÉCNICAS PARA O TEÇUME VARIAM CONFORME A UTILIDADE DA PENEIRA: PARA PENEIRAR A MASSA É UM TIPO DE TÉCNICA. PARA FAZER O BEIJÚ E OUTRO TIPO DE TÉCNICA. PARA FAZER A TAPIOCA OU A GOMA É OUTRA TÉCNICA. ENTRE OS BRANCOS SERVE MAIS PARA ENFEITAR.
 
O PATAWI É UM OBJETO QUE SÓ É UTILIZADO PELOS TUXAUAS EM REUNIÕES. SERVE DE APOIO PARA QUE OS TUXAUAS POSSAM COLOCAR A CUIA ONDE É RALADO O GUARANÁ. O SAPÓ, ESTE UTENSILIO É FEITO DE TALA DE INAJÁ E É TECIDO COM CIPÓ TITICA. O PATAWI NÃO É VENDIDO COMO ARTESANATO. OS TUXAUAS PROIBEM A VENDA DO PATAWI. É UM OBJETO RARO DE SE VER.


O URUTU É UM UTENSILIO USADO PELO POVO ÇATERÉ MAWÉ PARA CONDUZIR FARINHA DAS “COZINHAS DISTANTES” ATÉ A “CASA DE MORADA”. SEU TEÇUME É FEITO COM FIBRA DE ARUMÃ. O URUTU PELA SUA BELEZA ESTÉTICA É BASTANTE COMERCIALIZAVEL. OS ÇATERÉS TAMBÉM COSTUMAM FAZER A TROCA DESTE OBJETO POR OUTROS PRODUTOS DA CIDADE.   
 
O PANAKU É A BOLSA DE VIAGENS DO ÇATERÉ MAWÉ. É FEITA DE CIPÓ TITICA QUE É ENCONTRADO NAS MATAS DE TERRA FIRME. PARA SE TECER O PANAKU É PRECISO DESCASCAR O CIPÓ TITICA E PARTE-SE O CIPÓ EM TRÊS PARTES COM A AJUDA DO KYSE (FACA). MAS DO CIPÓ SÓ SE APROVEITA A PARTE LISA. O PANAKU É OBJETO PESSOAL DO ÍNDIO ÇATERÉ MAWÉ. RARAMENTE É COMERCIALIZADO. HOJE SOMENTE OS INDÍGENAS MAIS ANTIGOS AINDA USAM O PANAKU E SÓ OCORRE NAS ALDEIAS MAIS DISTANTES.

By Carlos Garcia